quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Aprendendo a morrer 3 - Como te explicar o não ser se você sempre foi?

Mas como te explicar o não ser, se você sempre foi até aqui?

Quando nascemos, segundo estudiosos, acreditamos que nós e nossa mãe somos um. Com o passar do tempo aprendemos a palavra eu, depois a palavra ele e começamos a nos individualizar. Nasce então nosso ego. Quando uma criança pequena chega ao ponto de dizer "eu quero" é sinal que o ego ja está ali. O ego é um programa que tem a função de proteger o indivíduo de ataques externos. Mas creio que seja ele que se apega a vida e as coisas materiais que vai juntando ao longo da nossa vida. Mas visto que estamos em um corpo emprestado pela natureza e que um dia certamente teremos que devolver esta matéria para a terra, nada aqui é nosso. Nossos brinquedos não são nossos, nossos pais não são nossos, nossos filhos não são nossos, tudo é passageiramente arranjado para que vivamos um determinado tempo aqui.
Embora muitos de nós entendamos isto racionalmente, seria inconcebível pensar na nossa morte como algo normal. Ter medo da morte é uma coisa que devia ser tão idiota como ter medo de dormir, mas não é. Conheci muitas pessoas que ja morreram mas que tinham um medo infeliz de morrer. Afinal tinham medo do que encontrariam do outro lado. Minha mãe era assim. Ela era paraplégica, andava com duas muletas, mas, tinha pavor de morrer. E ela era crente. Como pode alguém que confia tanto na salvação de sua alma depois da morte, ter tanto medo de atravessar o portal? Acho que é o problema cultural do qual falávamos no inicio. A morte é uma coisa horrível. Somos ensinados desde pequenos que devemos a todo custo evitar a morte nossa e de outros porque morrer é ruim.
O que seria o não ser? Creio que Jesus mencionou isto várias vezes na biblia. É um livro controverso, cheio de traduções e com livros escolhidos pela igreja católica, mas se for verdade o que dizem que Jesus disse tem algo assim:

Lucas 17:33
Quem tentar preservar sua vida perde-la-á; mas quem perder a sua vida na realidade a achala-á.

Perder a vida é perder o ego, porque o que afinal caracteriza uma vida é um ego com suas vontades e seus anseios. Quando deixamos esse ego, é como se perdessemos a vida, porque deixamos de ser o que eramos, ou seja, pessoas apegadas ao que o ego construiu. Ele dizia que achariamos a vida se concordassemos em perde-la. Nascer de novo em vida, creio que ele estava dizendo que deixassemos tudo o que vem do ego de lado e seguissemos sem o ego, o que significaria que teriamos outra perspectiva de vida e outra identidade mais parecida com a divina. Pense numa pessoa que largou tudo e se submeteu a vontade do cristo. Uma freira por exemplo que cuida de doentes feridos, ou de velhos doidões. Ela não precisaria estar ali, mas deixou seu ego para tras e ali permanece cuidando dos desamparados por amor ao cristo planetário. Ela é deus encarnado, cuidando de si mesmo. Seu ego se misturou ao divino e ela agora só pensa em servir aos semelhantes. Porque se diz que ela ganhou a vida. Ela simplesmente não se preocupa com o amanhã, com a morte, com a velhice, pois ela é parte de Deus. Deus não se preocupa em morrer. 


Os egípcios diziam que os deuses te fariam duas perguntas quando você chegar a outra dimensão:
Encontrou alegria em sua vida?
Proporcionou alegria aos outros?

continuua....

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